Olhar distante

17. Agosto. 2005

Eu já fui rico, ao acordar a olhar para este monte em tempos velhos, ao longe os pássaros voavam e as pessoas lavravam as terras com o seu burro. Aqui neste deserto houve em tempos um pinhal, um pinhal verde, bonito, o ar era puro, respirava-se saúde, dava gosto! era o meu pequeno canto longe do mundo, permanecerá para sempre no meu coração com saudade. Todas as brincadeiras com os meus amigos e bons amigos, as noite a olhar as estrelas e a falar de bruxas e lendas, são tempos que não voltam e locais que agora pacerem perto do fim, porque um dia alguém se lembrou de fazer um fogo… e destruir tudo isto.

Artigo da categoria: Olhares

4 Respostas Comentar

  • 1. ryden  |  18. Agosto. 2005 - 3:25

    bela poesia, em proza…

  • 2. Cátia Milheiro  |  20. Agosto. 2005 - 21:41

    tudo queimadinhi :’(

  • 3. MarTha_b@  |  21. Agosto. 2005 - 23:24

    Era nesse pedaço do mundo, perdido no meio do nada, onde nada acontece, que muita coisa aconteceu comigo… Realmente na “santa terrinha” se viveu muitos bons momentos com pessoas que conhecemos desde sempre, muitos pensamentos pus em ordem, muitas descobertas fiz… Aí muitas vezes me senti como que uma pioneira enredada em aventuras cinematográficas, intensamente vividas na espontânea imaginação de meninice, no meio de um denso pinhal que já não existe, deixando a terra nua… e não existe porquê? Porque parece que preservar aquilo que é de todos, só interessa a alguns. Porque alguém não sabe o que é saber que as casas dos seus avós correm perigo, os seus próprios avós correm perigo e estão totalmente isolados, sem água, sem luz (tão preciosa para pôr os motores de rega e as bombas dos furos a funcionar), sem bombeiros, sem telefone. Porque alguém não se aflige com o facto de pessoas que passaram uma vida inteira a trabalhar e apenas querem passar os últimos dias em paz com a vida, no meio da terra que os viu nascer e na qual se sentem bem, no meio dos pertences que conseguiram graças as gotas do seu suor, ficarem sem “nada” em poucos segundos e, sem força a erguer tudo de novo. Serão loucos os incendiários? Talvez… mas mais louca fico eu quando atento nos enormes estragos das suas acções enlouquecidas… Porque realmente é absoluta, total e irremediavelmente desolador, constrangedor, deprimente, para quem tem um bocadinho de coração, o cenário que nos aparece escarrapachado, de um modo por vezes folclórico, diariamente no inicio dos telejornais, desde que o Verão começa; nem que seja por imaginar que interesses sórdidos estão por trás disso tudo…

    P.S. 1: mas não esquecer que muitos dos incêndios são provocados pelos descuidos de pessoas bem intencionadas mas “louramente” distraídas que se tornam fatais quando as temperaturas sobem…Atenção!!!

    P.S. 2: concordo com tudo o que disseste! Lembras-te do eucalipto enorme aí tombado no qual nos divertíamos? Uma enorme lista de boas recordações poderia ser citada…
    Ah! e sorry plo testamento.. não é meu hábito comentar, mas enfim, não me contive..

  • 4. Pedro Cavaco  |  22. Agosto. 2005 - 2:13

    Bem dito :) obrigado pelo comentário Marta e volta sempre ;) e comenta

Comentar

Requerido

Requerido, oculto

Algum HTML permitido:
<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>

Trackback a este artigo  |  Subscrever via RSS Feed


Programa

Agosto 2005
S T Q Q S S D
« Jul   Set »
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031  

Artigos mais recentes